Cidade Chumbo Punk Urgente Em Resposta Ao Tempo!

Cidade Chumbo é uma banda carioca que reúne grandes figuras do punk hardcore local e chegam trazendo verdades com um som muito necessário!!!

Tempos sombrios e de opressão pedem respostas violentamente fortes, seja nas ruas, seja na arte, a luta por dignidade, igualdade e pela manutenção dos nossos direitos precisa ser efetiva. Cidade Chumbo é uma banda concebida dentro da resistência, no meio da luta, respirando gás lacrimogênio. E o choro desse bebê veio a luz emanando toda a herança que a música punk lhe relegou. 

Veteranos na luta da música independente  Vital (Jason) e Alexandre Bolinho (Kopos Sujos), vocal e guitarra respectivamente, sacaram que era hora de lutar também nas letras mais politizadas. Em meio às manifestações contra o Golpe que nossa democracia sofreu a banda foi gestada. De lá pra cá, passados um ano do acerto e com o recrutamento do batera Mauro Pimentel (Halé) e do baixista Alex Mostarda (Anarchy Solid Sound) veio a luz o primeiro Ep dos caras.

Disquinho homônimo, Cidade Chumbo (2017) reúne em suas seis faixas toda a porrada que o punk é capaz de produzir, e sua faceta mais resistente e ideologicamente consciente dos mecanismos de opressão. As várias nuances das opressões cotidianas que nosso país naturalizou são rápida e diretamente desvendadas aqui. O primeiro single escolhido: “Os Ninguéns” – acima colocado – já parte para o diagnóstico da massa que manipulada e amansada pelos nossos veículos de comunicação, assistiu e assisti cotidianamente ao circo que se tornou a política brasileira. Massa essa, que tem assistido dia após dia os seus direitos secularmente conquistados, serem usurpados num piscar de olhos, mas que segue com medo da rebelião.

Música e tema que encontram seu exemplar singular em “Eu, João Blake”, livremente inspirada no filme I, Daniel Blake (2016) do genial cineasta inglês Ken Loach. A música cria um duplo brasileiro do personagem inglês, ressaltando esse exemplar dos “ninguéns” que com nome próprio segue sendo esmagado pelo estado burguês que não o reconhece em seus plenos direitos de cidadão.

O controle e a frivolidade black mirrorniana, dos cidadãos conectados em sua estupidez e mediocridade é atacada em “Conexão“. Fotinhas do almoço, memes em profusão, o ruído e o vazio de uma comunicação sempre a meio termo, num punk direto com guitarras em alta. Em “Exaustos e Insones” como o título mesmo já ressalta, o alvo é a vida adoecida com a qual nos conformamos.

A música de abertura, “Diariamente” é daquelas canções simples que lhe cativam e lhe levam imediatamente a cantar junto, por que nós vivemos isso todos os dias. Caso contrário, agradeça a seu Zé, o seu motorista, pois mesmo no seu carro próprio, você perde tempo e se cansa no trânsito. Um convite a luta por dias melhores, afinal a crença em seu aspecto metafísico não cabe na política. Apenas nas ruas o futuro pode ser conquistado.

A tradição é algo fundamental na vida humana e como ensinou-nos Zizo, o poeta anarquista da Febre do Rato (2011) até a anarquia precisa de tradição. Sendo assim, a rapaziada da Cidade Chumbo fez o dever de casa e lançou ontem o clipe da faixa “Da Cólera ao Fogo Cruzado“. Um bonito resgate dos pilares tortos e politicamente engajados do nosso punk, o que coaduna muito bem com a proposta da banda. Com vídeo de Gustavo Cordena e produção de Alexandre Griva a música é interessante inclusive por nos propor o desenvolvimento de um menino: o Punk rock Brasileiro. 

Seguiu na contramão, um Rato de Porão, um Inocente, esta de pé, esta de pé, não deve explicação, não olha para o chão, com o Olho Seco, esta de pé, está de pé.

Esse garoto hoje é um homem, são quatro, e respondem pelo nome de Cidade Chumbo, que ao produzir o seu disco de estreia com esse excelente conteúdo não só honra as bandas citadas como responde a uma urgência da época. Estão de pé, Estão de pé e na luta!

Via Embolacha:

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